22 de junho, 2013: “revolta do vinagre”

Meus queridos, sei que muita gente anda insatisfeita com os rumos tomados pelos protestos. Ando também com um certo receio de que equívocos maiores sejam cometidos, na medida em que teorias conspiratórias se espalham pelo ambiente virtual, mas não me declaro decepcionado com nada. Apropriando-me do bordão lançado pelo colega Juliano Malinverni, a caminho da passeata, eu entrei nessa sem nenhuma ilusão mas com grandes esperanças. Esperança que aumentou um pouco quando assisti pela televisão ao depoimento de uma adolescente no meio da passeata. Ela dizia, com segurança e naturalidade, quase com essas palavras, que “o mais importante disso tudo é que descobrimos que nós temos poder e que à partir de agora será mais fácil sair às ruas com a ferramenta das redes sociais”. Parece óbvio, não é? Mas a verdade é simples. Ingênuo, na verdade, é quem acreditou que os filhos da conservadora e despolitizada família brasileira ganhariam às ruas conscientes e progressistas. A grande singularidade desta que possivelmente entrará para história como a “revolta do vinagre”, muito mais do que sua pauta difusa, é uma grande aversão à representatividade. E antes que venhamos a falar em facismo, diante das cenas de agressão aos militantes, é preciso aceitar a natureza desse fato, que revela uma parcela da sociedade com a qual os movimentos organizados não têm sido capazes de dialogar, com exceção do MPL (que parece ter uma das chaves para a compreensão). Diante disso, o grande desafio que nos apresenta agora é separar o joio para que o trigo floresça em novas e sadias lideranças, marcadas com o exemplo poderoso desses dias. É uma tarefa pra hoje, mas não acaba com a semana nem com o mês. Não acaba, na verdade.

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Sábado às 11:34

 

Retirado de : http://www.facebook.com/silvio.mansani.3/posts/3202564441134