Resumo das manifestações de hoje em Belo Horizonte.

bh 26.06Praça Sete.

A manifestação de hoje (quarta-feira) começou a se concentrar às 12h, na Praça Sete. De acordo com emissoras de TV, o ato teria contado com a participação de 50 mil pessoas. Os manifestantes, ainda na Praça Sete, votaram no trajeto e destino que preferiam para a manifestação. Ir para a região da Pampulha, pela avenida Antônio Carlos, ganhou. A ideia era seguir a avenida até a Lagoa da Pampulha, passando direto pela avenida Abrahão Caram e evitando o confronto com policiais, localizados principalmente no acesso ao Mineirão – protegendo o “território da FIFA”.

A Assembleia Popular de Belo Horizonte e o COPAC, além de diversos movimentos e organizações sociais, como o MST, o Sindicato dos Policiais Civis e o Sindicato dos Servidores da Educação, incentivaram durante todo o trajeto, inclusive com um carro de som, que a manifestação não fosse em direção ao Mineirão e seguisse de forma segura para os participantes – dado a forma como a PM atuou nos últimos atos. No cruzamento entre as avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, membros dessas organizações e outros manifestantes fizeram um cordão humano, tentando orientar as pessoas para que não fossem em direção ao bloqueio da Polícia Militar e da Tropa de Choque. Parte dos manifestantes, no entanto, decidiu seguir a avenida Abrahão Caram e tentar chegar até o Mineirão. Houve conflito entre os manifestantes e a polícia, com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e pedras. Enquanto isso, um grupo da manifestação seguia em direção à Lagoa da Pampulha, pela avenida Antônio Carlos, e outro ficou próximo à avenida Abrahão Caram, ainda querendo ir até o Mineirão.

O grupo que foi até a lagoa decidiu retornar para o centro da cidade, passando por dentro dos bairros. Segundo manifestantes desse grupo, a PM teria fechado rotas de fuga que deveriam estar abertas, o que teria atingido toda a manifestação. Na avenida Antônio Carlos, nas proximidades do cruzamento com a avenida Abrahão Caram, o conflito entre manifestantes e polícia durou até as primeiras horas da noite. Estabelecimentos comerciais foram invadidos e focos de fogo foram criados pelos manifestantes.

A PM, depois de aproximadamente uma hora e meia, decidiu avançar pela Av. Antônio Carlos. Em clara objeção ao direito de manifestação, no carro de som da PM, um policial gritava palavras de ordem, informando que todos nas ruas deveriam voltar para casa, e, entre outras mensagens, que a polícia estava “reinstaurando a ordem pública”. Aos manifestantes que chegavam na Praça Sete, policiais avisavam que teria conflito no centro e todos deveriam ir para casa. Além disso, todos os manifestantes eram encaminhados para passar no meio de um corredor formado por policiais. Na manifestação nessa área central, nenhuma ocorrência havia sido registrada. A ação da PM no centro acontece até agora – momento em que publicamos essa retrospectiva. Há relatos de bombas de gás e balas de borracha, além das falas no carro de som já mencionadas.

Postado às 22:20h.

Fonte: https://www.facebook.com/BHnasRuas/posts/560695447303118

20 de junho, 2013: 30 mil

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Em primeiro lugar, peço desculpas por ter enchido tantas timelines por estes dias. Este deve ser meu último post sobre o assunto das manifestações. Peço desculpas também pela minha declaração há alguns dias de que “a minha geração estava fazendo história”. Um equívoco. Não tenho vergonha nenhuma de mudar de opinião. O que escrevo abaixo não é opinião. É constatação. Só não enxerga quem não quer. O texto ficou gigante. Você, que não entende o que está acontecendo provavelmente não lerá.

Se você tem a vã ideia de que o povo brasileiro tenha mudado um pouquinho sequer por ter ido para as ruas reclamar, você, infelizmente, está absolutamente enganado. O gigante pode até ter acordado, mas ainda não lê e está com os olhos tapados. Trinta mil foram às ruas de Floripa hoje. Tudo muito bom, tudo muito bonito. Mas a tendência nacional se repetiu na ilha. Cheguei um pouco atrasado ao “protesto” (entre aspas, porque não houve um). Caminhei por cerca de quatro quilômetros entre os manifestantes que, na teoria, foram às ruas apoiar o Movimento Passe Livre na luta por um transporte público melhor.

Nestes quatro mil metros tentei por várias vezes, incitar as pessoas a gritarem pela causa, a diminuição da tarifa. Não obtive sucesso uma vez sequer. Os gritos eram variados, e raros. Cada manifestante foi para a rua com uma (ou mais) reivindicações cada. A maioria foi sem nenhuma – até porque protestar contra a corrupção (em geral, sem nenhuma reclamação concreta), pela saúde, pela educação, pela moral, pelos bons costumes, todos de uma vez só, não significa nada. Em absoluto. Nada.

Durante a tediosa caminhada, na absurda maior parte do tempo havia silêncio. Mais parecia uma romaria religiosa, uma caminhada contra o câncer ou coisa do gênero. Haviam algumas reações comuns, que aconteciam de tempos em tempos. Pessoas criticando RBS/Globo, cantando “eu sou brasileiro com muito orgulho” e gritando de alegria ao ouvir buzinas de apoio dos carros ou acenos dos apartamentos. Notem. Nenhum sinal de protesto. Nenhum. Li muitos cartazes sobre diversos assuntos, mas grito, pressão popular não houve.

Não há como mudar nada sem lutar. Caminhar na rua parando para tirar fotos e colocar no Facebook não conta. O protesto pode ter chego ao seu pico em número (talvez não) nos moldes em que está acontecendo. As pessoas da minha geração, que não lê, não se informa, não se politiza, continuam ignorantes como antes. A única diferença é que resolveram ser ignorantes na rua. Isso é muito triste, muito. Não fazem a mínima de ideia de contra o que querem protestar. Não fazem ideia de que não estão protestando. 

Foram fechadas as ruas que a cidade já estava pronta para fechar, nos horários combinados e sem causar grandes transtornos. No governo, nem cócegas. Risadas, muito provavelmente. Mas daí você vai me dizer: as pessoas não protestaram contra algo porque não havia uma liderança coordenando. Prepare-se, agora vem a pior parte.

As pessoas que iniciaram os protestos, o Movimento Passe Livre e outros movimentos sociais alinhados foram agredidas. Confesso não ter visto o início, onde dizem ter acontecido muita coisa. Mas após os quatro quilômetros, finalmente os encontrei. Finalmente, um grupo gritando unido por uma causa. Fiquei feliz. Todos unidos contra a tarifa, mesmo pertencendo a diferentes organizações – vi PSTU, PSOL, PT, Movimento Sem Terra, bandeiras comunistas em geral e pessoas sem nenhum símbolo de qualquer movimento.

Este grupo, de pessoas que criaram o movimento que foi o tal estopim nacional foi hostilizado do início ao fim. Várias tentativas de agressão aconteceram (algumas muito covardes, de oito pessoas contra uma). Inúmeras foram as pessoas que tentaram arrancar as bandeiras, indo contra a democracia e a liberdade de expressão. Fiquei com este grupo, não tão grande, mas que lutou até o fim. Fomos à prefeitura e fizemos um manifesto bonito, mas não expressivo e não reconhecido – como eles fazem há anos.

A maioria, no entanto, que se concentrou em gritar “sem partido” para este grupo, realizou apenas este protesto. Uma manifestação ridícula anti-bandeiras. Mais uma vez, nada. Este movimento gigantesco, de pessoas vazias e que foram para a rua pela vontade de aparecer em mais uma das modinhas da era da internet, não chegará a lugar algum. Tem duas saídas.

Na primeira, acaba dentro de pouco tempo, e tudo volta ao normal brasileiro. As pessoas já tiraram as fotos que precisavam e o movimento passa. A insatisfação sem conhecimento e motivo concreto continuará perpétuo enquanto as pessoas não investirem em seu intelecto. Na segunda, pode culminar em uma eleição de Aécio Neves em 2014. O movimento anti-Dilma (criado pelo simples e eterno descontentamento com qualquer governo atual de qualquer época, mas sem embasamento, no caso) cresce. Acho que não terá força para derrubar a Presidente, mas pode evitar sua reeleição no ano que vem. E voltaremos à era Tucana, pois o povo esquece rápido e eles surgem como solução.

É impossível protestar sem conhecimento. Tentar pressionar tudo não pressiona nada. Caminhar na rua não é manifestar nada além de uma insatisfação. Aos que saíram para protestar de verdade parabéns. Vocês significaram alguma coisa. Para mim, acabou. Pelo menos da forma que está. Na luta deste outro grupo, continuarei. O grupo que criou, que sempre lutou e foi renegado.

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Quinta às 22:56

 

Retirado de :https://www.facebook.com/photo.php?fbid=470290339719097&set=a.119342218147246.28015.100002144067160&type=1&theater

21 de junho, 2013: culpa

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Tá, pelo que eu entendi então, a CULPA foi dos partidos? Eles desuniram tudo? Não foi a tola aceitação do argumento do [falso] apartidarismo que fez o grupo “das bandeiras” ficar isolado, mais próximo à Rodoviária e depois sair na frente quando resolveram ir pra ponte?

Geral percebeu o vazio do ato em si e sobretudo dos discursos carregados e resolveu eleger um bode expiatório…

Eu, embora não seja coligado e não apoie diretamente nenhum dos partidos que estavam ali representados por militantes e suas bandeiras, tentei estar junto a esse bloco – por afinidade às bandeiras vermelho e pretas e – por acreditar que eles têm direito a expor suas bandeiras e opiniões.

Infelizmente a pauta que eu acreditava ser importante para esse ato, a TARIFA ZERO, ficou ofuscada por manifestações de patriotismo tardio e, pra dizer o mínimo, primário. Agora é reagrupar e filtrar o viés de cobertura da RBS e afins. Esse discurso da “lindeza”, do povo “(c)ordeiro e respeitador” e todo esse blábláblá sentimentalóide que não vai mudar nada de fato.

Pelo jeito essa manifestação serviu como um fim em si. Um evento catártico e só. Amanhã, todos revigorados, satisfeitos por terem mostrado “nossa” voz…

Pobre das gotas de chuva que foram testemunhas dessa demonstração tacanha e mal elaborada de “poder do povo”.

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Sexta às 00:23

Retirado de: http://www.facebook.com/junioresrodrigues/posts/10201169607871117